terça-feira, 13 de julho de 2010

Risco (act.): Moody's corta 'rating' de Portugal em dois níveis

Teixeira dos Santos diz que o 'downgrade' já era esperado pelo mercado.
in Diário Económico (Mónica Silvares - 13/07/10 08:32)

A agência Moody's cortou o ‘rating’ de Portugal para 'A1' devido ao aumento da dívida e às perspectivas de baixo crescimento.

A Moody's reviu em baixa o ‘rating' da República portuguesa em dois níveis para A1 não só devido à trajectória ascendente da dívida pública, mas também às fracas perspectivas de crescimento. Portugal, que estava com um outlook negativo desde Outubro de 2009 e que tinha o ‘rating' sob análise para possível revisão em baixa desde 5 de Maio, fica agora com uma nota A1 e um outlook estável.

A Moody's justifica a sua decisão "porque a força financeira do Governo português vai continuar a enfraquecer no médio prazo, uma prova da contínua degradação da dívida pública nacional não só em percentagem do PIB, mas também face às receitas". Mas também porque "as perspectivas de crescimento da economia portuguesa deverão permanecer verdadeiramente fracas a não ser que as recentes reformas estruturais dêem resultado no médio e longo prazo".

Anthony Thomas, o analista que segue a economia nacional, afirma que "a dívida face ao PIB e o rácio da dívida face às receitas aumentaram rapidamente ao longo dos últimos dois anos devido às medidas anti-crise apresentadas pelo Governo".

A agência de notação financeira considera que a trajectória da dívida continuará a degradar-se pelo "menos durante mais dois ou três anos". A dívida pública em percentagem do PIB deverá atingir os 90% - um valor muito superior aos 60% sugeridos pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento - e o rácio da dívida face às recitas será de 210%.

"A Moody's continua preocupada com o potencial de crescimento da economia no médio e longo prazo", diz Anthony Thomas. O também vice-presidente da agência de ‘rating' diz que "ainda não é claro se as reformas vão impulsionar o crescimento de forma suficiente para permitir que a deterioração da dívida eventualmente se inverta, especialmente tendo em conta que as reformas do mercado de trabalho são relativamente recentes". "Isto implicaria", acrescenta o analista, "que o Governo permanecerá, de alguma forma, altamente endividado num futuro próximo".

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