in DN (12.02.2010)
A providência cautelar interposta por Rui Pedro Simões não evita a publicação da edição de hoje do semanário 'Sol'
Revelação de "manobras para controlar outros órgãos de comunicação social, além da TVI, e condicionar jornalistas". Este é o tema em destaque na edição de hoje do Sol, que publica mais desenvolvimentos das escutas feitas no âmbito do "Face Oculta", depois das revelações da última sexta-feira.
A confirmação do conteúdo da edição de hoje foi conhecida através de um comunicado assinado pela direcção do semanário - José António Saraiva, José António Lima, Mário Ramires e Vítor Rainho -, às 21.00, altura a que o jornal já estava impresso.
Já depois das 22.00, a SIC Notícias mostrou a primeira página, que confirmava a informação que o DN apurara durante o dia: a revelação de alegadas tentativas de controlo de outros órgãos de comunicação social, nomeadamente a Controlinveste (grupo a que pertence o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias e a TSF) e a Ongoing (proprietária do Diário Económico e que tem em curso uma operação pública de aquisição de até 35% da Media Capital), juntando-se assim à TVI e ao grupo Cofina (que detém o Correio da Manhã), já mencionados nas primeiras escutas reveladas.
Quanto à nota da direcção, começa por garantir a presença do jornal hoje nas bancas, respondendo às dúvidas levantadas durante a tarde de ontem, quando um agente de execução tentou por seis vezes entregar uma providência cautelar interposta por Rui Pedro Soares, administrador da PT e um dos visados nas escutas reveladas na última sexta-feira.
A primeira tentativa para travar o jornal foi às 13.15 e não teve sucesso. Na recepção do jornal Sol, na Baixa lisboeta, um segurança da empresa Prosegur informou que os três notificados não se encontravam no edifício. Tratava-se de José António Saraiva, director do título, e as jornalistas Felícia Cabrita e Ana Paula Azevedo, que assinaram o artigo que deu origem à manchete "Escutas proibidas".
Ao longo da tarde, foram-se juntando jornalistas de todos os órgãos de comunicação social à porta do semanário, despertando a curiosidade de quem passava. Quando informados sobre a providência cautelar que pretendia impedir a publicação de novas notícias sobre Rui Pedro Soares e o processo "Face Oculta", a reacção era invariavelmente a mesma: apoio ao trabalho desenvolvido pelo jornal e muito descontentamento em relação ao primeiro- -ministro José Sócrates, em particular, e à classe política em geral.
Enquanto o circo mediático estava montado à porta do Sol, o agente de execução tentou por mais cinco vezes, durante a tarde, entregar a notificação. Todas sem êxito. De cada vez chegava, perguntava ao segurança pelas três pessoas visadas e a reposta era sempre a mesma: não estavam.
À sétima vez, já após as 18.00, o ritual foi diferente. Depois da pergunta habitual, o agente de execução escreveu uma mensagem num dos papéis que acabou por deixar com o segurança. Sem querer prestar declarações aos jornalistas, abandonou as instalações do Sol.
Logo de seguida e atraindo ainda mais a atenção de quem passava, os Homens da Luta (Gel e Falêncio, célebres pelo programa na SIC Radical Vai Tudo a Baixo) chegaram e fizeram uma das suas manifestações, com palavras de ordem a lembrar os tempos do PREC: "Avante jornal Sol, Avante jornal Sol, o sol tornará a todos nós" e "Escuta, escuta, camarada escuta, escuta, escuta camarada sempre contra a reacção".
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