domingo, 31 de maio de 2009

Obama cria gabinete contra ciber-ataques


(EUA já várias vezes se queixaram de ataques russos e chineses)
in Público 29.05.2009 - 16h15 João Pedro Pereira [Notícia actualizada às 17h22]

O presidente americano, Barack Obama, anunciou hoje a criação de um gabinete na Casa Branca dedicado a coordenar os esforços de protecção dos EUA contra ciber-ataques. A novidade surge numa altura em que também o Pentágono está preocupado com o assunto e tem planos para formar um comando militar dedicado à ciberguerra.

O novo gabinete na Casa Branca será chefiado por um ciber czar, mas a nomeação deste responsável ainda não está calendarizada. Contudo, alguns analistas, citados pela imprensa americana, já notaram que este cargo não está suficientemente alto na hierarquia da administração de Obama para conseguir uniformizar os esforços nesta área, que, por agora, estão ainda dispersos por vários organismos.

Obama admitiu que os EUA não estão suficientemente preparados para a eventualidade de uma ciber-guerra e sublinhou que os perigos do ciber-espaço são "reais".

A ideia de um ciber czar surge na sequência de um relatório encomendado por Obama pouco tempo depois de ter tomado posse e que analisou a capacidade de resposta dos EUA a ciber-ataques, bem como o grau de integração já existente entre os sectores público e privado.

Para além do anúncio público, a Casa Branca vai ainda emitir uma série de directivas secretas para orientar a actuação dos militares em caso de ciber-ataques.

Já a ideia do Pentágono de criar uma divisão dedicada à ciberguerra está ainda para ser discutida formalmente com o presidente Obama, avançou o New York Times. O jornal nota, contudo, que Obama deverá dar luz verde ao projecto.

Há muito que os EUA estão preocupados com os ciber-ataques de que têm sido alvo. E os especialistas já avisaram que, devido ao alto nível de informatização, este é um país particularmente vulnerável a este tipo de ofensivas.

Um ciber-ataque pode ir de casos relativamente simples (como desactivar ou alterar um site oficial do governo, com o objectivo de espalhar desinformação), até ofensivas mais complexas e de grandes repercussões: intrusões em redes de sistemas bancários ou da bolsa, de controlo de tráfego aéreo, da gestão de hospitais e de serviços públicos, como, por exemplo, o fornecimento de água e electricidade.

Este ano, os EUA revelaram que um atacante desconhecido conseguiu entrar no sistema informático responsável pela rede eléctrica, mas o ataque foi detectado e não teve consequências.

Os EUA queixam-se ainda de serem alvo frequente de ciber-ataques oriundos da China. Em Abril, acusaram a China de ciber-espionagem, mas o governo de Pequim, como sempre fez nestas situações, negou veementemente as acusações.

A preocupação não é nova e muitos países têm dedicado nos últimos anos atenção à possibilidade de ciberguerra. Mas a atenção mediática para esta questão disparou em 2007, quando a Rússia foi acusada de atacar os servidores da Estónia (um país com uma forte dependência da Internet), colocando fora de operação sites governamentais, sites de bancos e de jornais.

O governo russo – que, um ano depois, foi acusado de fazer o mesmo na Geórgia – descartou responsabilidades e atribuiu a culpa a piratas informáticos, a agir por conta própria e fora da alçada governamental.

Esta justificação russa é semelhante à que as autoridades chinesas muitas vezes apresentam – mas muitos especialistas defendem que, mesmo não havendo vínculos formais, os grupos de piratas são, senão encorajados, pelo menos tolerados por parte dos governos destes países.

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